terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Continuo aqui. E extremamente feliz em estar vivo!


Tudo começou com uma "torção" no joelho, há 16 dias - um domingo. Parecia algo mais sério, pois já havia torcido o joelho antes e a dor desta vez foi algo bem maior - comparável ao evento de quebra de tornozelo que tive. Gelo e anti-inflamatório. Agendei uma consulta com um ortopedista renomado em cirurgias do joelho pois desta vez acreditei que teria que opera-lo. A consulta ficou somente para a segunda-feira da próxima semana.

Durante estes oito dias caminhei com muletas e minha panturrilha estava bastante inchada, e dolorida. A sensação de dor parecia com uma cãimbra bem forte; motivo pelo qual tomei muita água de coco e comi várias bananas. A dor passou e com isso concluí erroneamente que tratava-se de cãimbras mesmo.

Já na segunda-feira da semana seguinte, fui ao ortopedista. Tirei um raio-x e nada de fratura. Como o joelho estava bastante dolorido, tive que fazer uma ressonância magnética. Citei as dores e o inchaço na panturrilha ao ortopedista, que prontamente respondeu que não era normal e que talvez devesse ir consultar-me com um angiologista (especialidade que trata do sistema vascular).

Realizei o exame de ressonância magnética, e como o laudo ficaria pronto na quarta-feira, decidi que o esperaria para então decidir o que fazer. Com o laudo na mão, agendei o retorno no ortopedista, que ficou somente para a terça-feira da semana seguinte. Não houve tempo.

No dia seguinte acordei com a panturrilha e o tornozelo bastante inchados. Tentei trabalhar (sentado), mas as dores tornaram-se insuportáveis. Chamei minha esposa, que vendo a situação, imediatamente tomou a atitude de levar-me à emergência do pronto-socorro. Antes disso resolvemos ligar para o ortopedista para tentar obter alguma orientação. Infelizmente ele estava indisponível, em cirurgia. Minha esposa explicou a situação à secretária, que ficou de dar um retorno. Nem cinco minutos depois, o ortopedista já ligava de volta.

Ao explicar minha situação, o ortopedista solicitou que eu fosse com urgência a um angiologista. Como não conhecia nenhum, solicitei uma indicação. Ele me indicou uma clínica com vários angiologistas, e pediu para que eu demandasse uma consulta com urgência, e que informasse que seria a pedido dele. Fui prontamente atendido e percorremos o centro de Maringá numa quinta-feira chuvosa ao meio-dia (o que obviamente demorou mais do que gostaríamos) rumo à clínica.

Chegando na clínica o angiologista me atendeu rapidamente e num exame clínico explicou que talvez não fosse uma trombose (a situação temida), mas mesmo assim solicitou um ecodoppler (ultrassom) de emergência.

Mais uma jornada rumo à outra clínica. Fui rapidamente atendido para o exame. Inicio o exame e o médico radiologista em silêncio e de cara fechada. Finalizado o procedimento, pergunto se havia algo de estranho. É quando ouço a resposta: "Você está com uma trombose grave, vai levar este exame para o seu angiologista agora pois ele vai lhe internar no hospital com urgência."

Estranhei a confirmação da trombose, pois sempre imaginei como doença de mulheres idosas, obesas, diabéticas etc. Enquanto minha esposa levava o exame ao angiologista e eu aguardava dentro do carro, pude procurar no Google através do meu iPhone sobre "trombose venosa profunda". Foi aí que percebi a minha situação: "Ih, f*d*u".

Não sei quantas veias tem-se na perna, mas eu estava com quatro veias (das grandes, suponho) com trombos (coágulos) impedindo a passagem de sangue. Estava tudo coagulado da virilha até o tornozelo. Ou seja, situação gravíssima com risco de morte iminente. Pelo que o Google me alertou, a complicação era a possibilidade de uma embolia pulmonar a qualquer momento. Esta situação costuma ser fatal.

Durante a rápida viagem da clínica até o hospital, minha esposa tentou "distrair-me" falando das sequelas que eu teria na perna graças à trombose. Mas eu já sabia do risco que estava correndo. E pensei (ironicamente): "Que bom, se eu sobreviver, minha perna vai ficar uma b*s*a". Contudo, um problema de cada vez. Primeiro resolvi pensar em viver pra contar a estória; o resto fica pra depois.

Chegando no Hospital Paraná, havia uma lista de internação. Você sabe que o seu caso é grave quando você "fura" a fila e é internado antes de todo mundo. Maravilha...

Mal entrei no quarto e já iniciou a rotina (durante os próximos seis dias) de medicações. Comprimidos, injeções na veia, exames de sangue e heparina sódica (uma injeção extremamente dolorida) ao redor do umbigo. Eu não tinha muita restrições quanto às injeções, mas essa injeção ao redor do umbigo mudou minha opinião...

A boa notícia é que de um dia para o outro, graças à medicação, minha perna desinchou bastante. Quando dei entrada no hospital minha panturrilha estava da largura da coxa, e meu tornozelo estava da largura da panturrilha. Meus dedos estavam todos "unidos". Para critério de comparação: eu costumo calçar um Croc's bem larguinho para ficar confortável. Deve ter pelo menos 2cm de sobra. Meu pé estava tão inchado que não entrava no Croc's.

A medicação leva de 4 a 5 dias para fazer o efeito. Durante este período meu risco de morte continuava alto, mas diminuía à medida em que o tempo passava. Meu médico mesmo relatou: você teve muita sorte. "A sorte te protegeu até agora". Eu provavelmente acredito que foi outra coisa. Mas não deixa de ser muita "sorte" o fato de não ter morrido.

No 5.o dia de internação, quando já esperava ter alta, acordei meio "indisposto". Talvez culpa das bolachinhas amanteigadas que a namorada do meu irmão trouxe para me "alegrar". Mea culpa. Eu adoro doces, e depois de quase uma semana de abstinência eu acabei comendo praticamente a caixa inteira sozinho durante a noite. Relatei minha indisposição à enfermeira, o que bastou para ligarem o "alerta vermelho". Oxigênio e em menos de 5 minutos o médico já estava do meu lado fazendo perguntas e a enfermeira colhendo exames. Alarme falso. O exame mostrou que provavelmente era só uma indisposição estomacal. Nada de embolia.

Fiquei sob "vigilância" dos médicos e enfermeiros durante todos estes dias. Mas sou muito agraciado por poder estar vivo ainda para poder relatar esta estória. Hoje, terça-feira, tive alta. Meu risco de morte já deve estar próximo de somente 1%. Estou bastante cansado, continuo tendo que tomar comprimidos e a injeção dolorida, tenho que usar uma meia cinta-liga de alta compressão, minha perna ainda dói e não posso ficar de pé ou andando por aí. Mas estou extremamente feliz! Um grande agradecimento a todos os amigos que ficaram preocupados. Já deixo também o alerta: se sentirem dores na panturrilha sem muita explicação e um certo inchaço, corram para o angiologista antes que seja tarde! Pra mim, quase foi tarde demais.

7 comentários:

  1. Graças a Deus descobriram a tempo, melhoras!! abç

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  2. Que ótimo Yanaga, no lugar de sorte eu "diria providencia divina", comigo já aconteceu várias vezes, como por exemplo você estar perdido no metro sombrio de St Petersburg cheio de túneis sozinho pois todo mundo sumiu rapidamente e de repente aparecer um russo que fala portugues (longa história) pra te ajudar.

    Recomendo http://goo.gl/3d7yG, eutento acessar isso todo dia pela manha e ouvir, proteção divina nunca é demais. 8-)

    Manda notícias meu amigo.

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  3. É preciso muito mais que isso p/ se derrotar um Jedi. :)
    Te cuida!

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  4. Yanaga,

    rezamos por você, que a sua recuperação seja a melhor possível.

    Um abraço.
    Marcello Bonfim

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  5. Grande Edson,

    saudades de vc e de sua linda família. Cara, que susto! Ainda bem que conseguiste tratamento a tempo. Um grande alerta este hein! Carpe dien meu amigo! Muita saúde e menos stress!

    Grande abraço,

    Parpin.

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  6. Caramba Yanaga, que susto mesmo, agora é recuperar-se e procurar evitar as situações que o levaram a isso, um grande abraço e melhoras.

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  7. Desde o primeiro dia que ví a noticia no facebook, a gente pensa, mais será mesmo? pois a imagem que a gente tem, é de uma pessoa com muita saúde e nada fora do comum, ai vamos "caindo a ficha" e vemos que somos um cristal muito precioso, que pode se quebrar, por mais forte que esteja. Mais Yanaga, sua proteção esta em dia... Só isso que faz continuar dia-a-dia, as vezes não percebemos mais ela está lá.... Muita saúde. Um forte abraço Edson.


    Att Welington Bertoncelo

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